Encontro com o autor de Os fanzineiros, e os alunos do oitavo.
No dia 6 de maio de 2021, às 9 horas da manhã, ocorreu um bate-papo com Breno Fernandes, autor de Os fanzineiros (Editora FTD, 2018), um romance juvenil envolvente sobre um grupo de amigos que decide montar um fanzine na cidade fictícia de Pouso Forçado. O livro é mais que isso: ao descobrir as possibilidades de alcance de histórias, um dos criadores do fanzine, Mino, inventa uma mentira que põe sua cidade em pânico. Nos anos 2020, o romance de Breno Fernandes oferece uma reflexão ética poderosa sobre as consequências destrutivas das fake news, assim como sobre a dimensão construtiva e reparadora da literatura – suscitada pela própria leitura de Os fanzineiros.
A conversa virtual – entre o autor, os alunos do oitavo ano, as colaboradoras da biblioteca Valéria Aparecida Cordero dos Santos e Thamiris Pereira de Andrade que moderaram a discussão, e os professores de português Luciano Brito, Renato Bueno, Renato de Oliveira – partiu de comentários, perguntas e curiosidades em torno do romance. O Prof. Renato Bueno sublinhou que Os fanzineiros já ocupa um lugar de carinho em sua estante e que é um de seus livros preferidos; e iniciou um diálogo sobre a dimensão moral instigante do romance. O Prof. Luciano Brito deu continuidade à ideia da força da ficção diante da tragédia das fake news numa cena final do livro, perguntou ainda sobre a circulação de línguas e a interatividade suscitada pelo texto. O Prof. Renato de Oliveira aproveitou a oportunidade para levantar um tema da maior importância em Os fanzineiros: a questão do bullying.
Breno Fernandes respondeu a cada uma das perguntas: primeiro, trouxe um pouco da sua formação como jornalista por trás da gênese de Os fanzineiros, salientando que foi a reflexão sobre a arte do jornalismo que o sensibilizou para a questão das fake news, assim como para a responsabilidade social do escritor. Em seguida, contou um pouco sobre sua juventude no sertão baiano – uma vida rodeada de histórias, lendas, saberes populares, em que a literatura é tanto um componente fundamental na circulação dos afetos em família quanto na formação de uma ideia de amizade. As adversidades da vida e o medo foram um elemento presente, inclusive por trás da criação de Os fanzineiros. Mas é sobretudo na possibilidade de superá-los e no poder da amizade que residiria o projeto do livro. E foi exatamente com uma reflexão madura e acolhedora sobre a amizade que Breno Fernandes concluiu nosso encontro: seria este sentimento o motor por trás de Os fanzineiros, sentimento forte que une, dentro do livro, Mino, Alana, Gigi e Barrão; e, saindo do romance, Os fanzineiros a suas leitoras e a seus leitores, num gesto raro de empatia que poderia ser um dos poderes da literatura.
Luciano Brito